É de se saber que Esu é cultuado em todo território
africano, da forma que Osun da cidade de
Osogbo é Osun Osogbo, da região de Iponda é a Osun de Iponda, Ogún da região de
Ire é Ogún de Ire (Onire: chefe de ire), do estado de Ondo é Ogún de Ondo,etc.
Na época do tráfico de escravos veio para o Brasil diversas etnias
Ijesas, Oyos, Ibos, Ketus,etc e cada qual trouxe seus
costumes juntos com seus orisas digamos particulares, e após a mistura dessas
tribos e troca de
informações entre eles cada sacerdote ou quem entendia
de um determinado orisa trocaram fundamentos e a partir daí surgem todos esses
aspectos, e essa quantidade de orisa presente aqui no Brasil, sendo que o orisa
é o mesmo com origens diferenciadas.
É claro que por ter origens diferenciadas seus cultos
possuem particularidades religiosas e até mesmo culturais por exemplo Oyá Petu
tem seus fundamentos assim como Oyá Tope terá o seu, isso nada mais é, que uma
passagem do mesmo orisa por diversos lugares e cada povo passou a cultuá-lo de
acordo com seus próprios costumes. Um exemplo mais nítido é que aqui fazemos
muitos pratos para Osun com feijão fradinho, entretanto num determinado país
nãohá esse feijão portanto foi substituído por um grão semelhante e assim
puderam continuar com o culto a Osun sem a preocupação de importar o feijão
fradinho.
Outro exemplo de orisa transformado em qualidade no
Brasil é Osun kare, Kare é uma louvação à Osun quando se diz: Kare o Osun! A
palavra kare também é uma espécie de bairro na África, logo Osun cultuada em
kare é Osun kare, e por vai surgindo desordenadamente essa quantidade de orisa
aqui no Brasil. Imagine um rio que atravessa todo território Nigeriano e, em
suas margens diversas etnias que num determinado local algumas pessoas diria que
ali é a morada de Osun Ijimu (cidade de Ijumu na região dos Ijesa), mais para
frente em Iponda diria aqui é a morada de Osun Iponda, mais para frente, em Ede
esse rio terá o culto de Ologun Ede, o chefe de guerra de Ede segundo sua
mitologia, e serão diversos orisas cultuados num mesmo rio por diversas etnias
com pequenas particularidades. Isso acontece com todos orisas e suas mitologias
fazem alusão a essas passagens e constantes peregrinação de seus sacerdotes
quer por viajens comercias ou por guerras intertribais sempre espalharam seus
orisas em outras regiões.
Outro fato interessante é títulos que algumas
divindades possuem e foram transformadas em qualidades, por exemplo Ossosi
akeran, akeran é um titulo de um determinado caçador (ancestral) com isso vamos
na próxima edição analisar esses fatos e informar todas qualidades de orisa da
nação keto que o sacerdote pode ou não mexer de acordo com o conhecimento de
cada um, pois o nosso dever é informar sem a pretensão de nunca ser o dono da
verdade Na próxima edição vamos diferenciar, títulos de nomes de cidades, nomes
tirados de cânticos que as pessoas insistem em dizer que é qualidade de orisa.
Sobre a multiplicidade dos orisa.
Vamos separar a qualidade como é chamada no Brasil (em
Cuba chama-se caminhos), dos títulos e de nomes tirados de cantigas como
insistem pseudos sacerdotes. Já sabemos que os orisa são venerados com outros
nomes em regiões diferentes como: Iroko (Yoruba), Loko (Gege), Sango (Oyo),
Oranfe (Ife), isso torna o culto diferente. Temos também o segundo nome
designando seu lugar de origem como Ogun Onire (Ire), Osun Kare (Kare),etc,
também temos os orisa com outros nomes referentes as suas realizações como Ogun
Mejeje refere-se as lutas contra as 7 cidades antes dele invadir Ire, Iya Ori a
versão de Iyemanja como dona das cabeças, etc. Há portanto uma caracterização
variada das principais divindades, ou seja, uma mesma divindade com vários
nomes e, é isso que multiplica os orisas aqui no Brasil.
Vamos começar com Esu o primogênito orisa criado por
Olorun de matéria do planeta segundo sua mitologia, ele possui a função de
executor, observador, mensageiro, líder, etc. Alem dos nomes citados aqui que
são epítetos e nomes de cidades onde há seu culto, ele será batizado com outros
nomes no momento de seu assentamento, ritual especifico e odu do dia. Não será
escrito na grafia Yoruba para melhor entendimento do leitor.
Oba Iangui : o primeiro, foi dividido em varias partes
segundo seus mito.
Agba: o ancestral, epíteto referente a sua
antiguidade.
Alaketu: cultuado na cidade de ketu onde foi o
primeiro senhor de ketu.
Ikoto: faz referencia ao elemento ikoto que é usado
nos assentos esse objeto lembra o movimento que esu faz quando se move do jeito
de um furacão.
Odara: fase benéfica quando ele não está transitando
caoticamente.
Oduso: quando faz a função de guardião do jogo de
búzios.
Igbaketa: o terceiro elemento, faz alusão aos domínios
do orita e ao sistema divinatório.
Akesan: quando exerce domínios sobre os comércios.
Jelu: nessa fase ele regula o crescimento dos seres
diferenciados. Culto em Ijelu.
Ina: quando e invocado na cerimônia do ipade
regulamentando o ritual.
Ona: referencia aos bons caminhos, a maioria dos
terreiros o tem, seu fundamento reza que não pode ser comprado nem ganhado e
sim achado por acaso.
Ojise: com essa invocação ele fará sua função de
mensageiro.
Eleru: transportador dos carregos rituais onde possui
total domínio.
Elegbo: possui as mesmas atribuições com
caracterizações diferentes.
Ajonan: tinha seu culto forte na antiga região Ijesa.
Maleke: o mesmo citado acima.
Lodo: senhor dos rios, função delicada dada a
conflitos de elementos.
Loko: como ele é assexuado nessa fase tende ao
masculino simbolizando virilidade e procriação.
Ogiri Oko: ligado aos caçadores e ao culto de
Orumila-Ifa.
Enugbarijo: nessa forma esu passa a falar em nome de
todos os orisas.
Agbo: o guardião do sistema divinatório de Orumila.
Eledu: estabelece seu poder sobre as cinzas, carvão e
tudo que foi petrificado.
Olobe: domina a faca e objetos de corte é comum
assenta-lo para pessoas que possuem posto de Asogun.
Woro: vem da cidade do mesmo nome.
Marabo: aspecto de esu onde cumpre o papel de protetor
Ma=verdadeiramente, Ra=envolver, bo=guardião. Também chamado de Barabo= esu da
proteção, não confundi-lo com seu marabo da religião Umbandista.
Soroke: apenas um apelido, pois a palavra significa em
português aquele que fala mais alto, portanto qualquer orisa pode ser soroke.
Ogún, Òsòósí e Ode lembrando que nem todos caçadores
tomaram o titulo de Òsòósí e, na África, Òsòósí em certas regiões é feminino
tomando o aspecto masculino no antigo reino de Ketu. Ode que dizer caçador,
porém, nem todos Ode's são Òsòósí; Ijibu Ode, Ikija, Agbeokuta, são alguns
lugares onde houve seu culto, pois seu culto, expandiu-se mesmo aqui no Brasil
onde ele é lembrado como rei de Ketu, Ogún em outro aspecto foi chefe dos
caçadores (Olode) entregando essa função mais tarde para seu irmão caçula
Òsòósí para partir em buscas de suas inúmeras batalhas.
Já em certas mitologias o caçador passa a ser sua
esposa Òsòósí L`Obirin Ogun, ou seja, Òsòósí é a esposa de Ogún, segundo o
verso desse mito.
Isso afirma o chamado enredo de santo aqui no Brasil
quando se diz que para assentar Òsòósí temos que assentar Ogún e vice versa.
Era costume africano quando os caçadores tinham que partir em busca de suas
presas, louvarem Ogún para que tudo desse certo, de òrìsà secundário na África
Òsòósí, passou a uma condição importantíssima no Brasil sendo òrìsà patrono da
nação Keto, senhor absoluto da cerimônia fúnebre do asesé, alguns cânticos
fazem alusão a essa condição: Ode lo bi wa, ou seja, o caçador nos trouxe ao
mundo. Eis alguns nomes de Ogún/Òsòósí/Ode conhecidos, sobretudo no Brasil e
seus aspectos, características, origem e particularidades:
Ogún Olode: epíteto do òrìsà destacando sua condição
de chefe dos caçadores.
Ogún Je Ajá ou Ogúnjá como ficou conhecido: um de seus
nomes em razão de sua preferência em receber cães como oferendas, um de seus
mitos o liga a Osagìyán e Ìyémojá quanto a sua origem e como ele ajudou Osalá
em seu reino fazendo ambos um trato.
Ogún Meje: aspecto do òrìsà lembrando sua realização
em conquistar a sétima aldeia que se chamava Ire (Meje Ire) deixando em seu
lugar seu filho Adahunsi.
Ogun Waris: nessa condição o òrìsà se apresenta muitas
vezes com forças destrutivas e violentas. Segundo os antigos a louvação
patakori não lhe cabe, ao invés de agradá-lo ele se aborrece. Um de seus mitos
narram que ele ficou momentaneamente cego.
Ogún Onire: Quando passou a reinar em Ire, Oni =
senhor, Ire = aldeia.
Ogún Masa: Um dos nomes bastante comum do òrìsà,
segundo os antigos é um aspecto benéfico do òrìsà quando assim ele se
apresenta.
Ogun Soroke: apenas um apelido que Ogún ganhou devido
a sua condição extrovertida, soro = falar, ke= mais alto. Nossa historia
registra o porque o chamam assim.
Ogún Alagbede: nesse aspecto o òrìsà assume o papel de
pai do caçador e esposo de Ìyémojá Ogunte (uma outra versão de Ìyémojá) segundo
um de seus inúmeros mitos.
Há vários nomes de Ogún fazendo alusão a cidade onde
houve seu culto como Ogún Ondo da cidade de Ondo, Ekiti onde também há seu
culto, etc. O òrìsà possui vários nomes na África como no Brasil e com isso
ganha suas particularidades e costumes.
Ode/Ososi.
Há então de várias formas de Ode/Ososi se apresentar:
Ososi akeran = um titulo do orisa;
Ososi Nikati = um de seus nomes;
Ososi Golomi = um de seus nomes;
Ososi Fomi = um de seus nomes;
Ososi Ibo = um de seus mitos o liga a Ossaniyn;
Ososi Onipapo = um dos antigos, tem culto a mais de um
século no país;
Ososi Orisambo = possui seu assentamento diferente dos
demais;
Ososi Esewi/Esewe = seu mito o liga a Ossaniyn e as
vezes a Osala segundo os "antigos";
Osossi Arole = uns de seus epítetos;
Ososi Obaunlu = segundo registro há um assentamento
deste orisa aqui no Brasil desde 1616 no ase de D.Olga de alaketu, é
considerado o patrono de ketu.
Ososi Beno = um dos mais antigos, detalhe tem assento
aqui em São Paulo, cidade considerada emergente para tradições do candomblé
Keto, com poucas casas antigas.
Ososi DanaDana = aquele que ateou fogo ou roubou, um
epíteto dos mais perigosos dado ao caçador.
Ode Wawa = epíteto do caçador;não se tem notícia do
seu culto no Brasil;
Ode Wale = epíteto do caçador, não se tem notícia de
seu culto no Brasil;
Ode Oregbeule = é um Irunmale, portanto acima do orisa
foi um dos companheiros de Odudua em sua chegada à terra segundo sua mitologia;
Ode Otin = outro caçador confundido com Ossosi, sua
lenda o identifica ora como uma caçadora ora como um caçador, contudo sua
ligação com Ossosi é fato, Otin se apresenta sempre junto com ele a ponto de
confundi-los;
Ode Karo = um do caçadores que também mora as margens
de um rio é irmão de Igidinile.
Ode Ologunede = o chefe de guerra de Ede, titulo
ganhado quando seu pai o entregou aos cuidados de Ogún;
Olo = senhor, gun = guerra, Ede = um lugar na áfrica.É
filho de um outro caçador chamado Erinle tendo como mãe Osún Iponda. O posto de
asogun, a priori, surge desse mito que o liga a Ogún companheiro de seu pai.
Possui outros nomes como Omo Alade, ou seja, o
príncipe coroado. Não há qualidades de Logun como acreditam alguns tais como
locibain, aro aro, etc., são apenas nomes tirados de cânticos, aliás aro quer
dizer tanta coisa menos nome de orisa. O nome Ibain é de um outro caçador
homenageado nos cânticos de Ologun, esse caçador inclusive é o verdadeiro
proprietário dos chifres tão importantes no culto. Oba L`Oge é um outro nome
para esse orisa. É da região de Ijesa;
Ode Erinle = outro caçador confundido com Osossi no
Brasil. Seu assento é completamente diferente dos demais, pois Erinle ou Inle é
um orisa do rio do mesmo nome, o rio Erinle que corta a região de Ilobu na
Nigéria. Encontra-se seus mitos no odu Okaran-Ogbe e Odi-Obara. Sua esposa é
Abatan pois é considerado médico e ela enfermeira, seu culto antecede o de
Ossayn, o pássaro os representam. Ibojuto é a sua própria reencarnação
representado pelo bastão que vai em seu assentamento e tem a mesma importância
do Ofa de Ossosi.Tem uma filha chamada Aguta que às vezes se apresenta como
irmã ou como filha sendo sua mãe Ainan. Ode Otin se apresenta como sua filha,
às vezes e ai é representado por uma enguia. Ainda temos Boiko como seu
guardião, Asão seu amigo e Jobis seu ajudante. No Brasil o ligam a Osún e a
Iyemanja pois segundo sua lenda é pela boca dela que ele fala, Erinle é um
orisa andrógino e considerado o mais belo dos caçadores;
Ode Ibualama = uma outra versão para Erinle quando ele
se apresenta mais ao fundo do rio, há um templo com esse nome na África fazendo
alusão ao seu fundador. Aliás há vários templos mas todos são de um orisa só:
Erinle nessa situação o caçador traça um outro caminho e pactua seus mitos com
Omolu, Osumare, Nana,etc. A montagem de seu Igba (cuia) também difere de um
simples alguidar com um ofa para cima como é comum as pessoas não esclarecidas
assim fazer.
Ossaniyn, Omolu, Oluaye, Osumare, Nanan e Iroko.
Ossaniyn = Também chamado Baba Ewe, Asiba, que são
epítetos do orisa. Possui seu próprio sistema divinatório; o orisa exerce suas
funções interligadas a Esu composto ao mesmo tempo em que ele. Kosi ewe, kosi
orisa: Sem folhas, sem orisa.
Osumare = Chamado Araka seu epíteto. É o orisa do
arco-íris e da transformação, não deve ser confundido com o vodun Becem que se
apresenta como Dangbe, Bafun, Danwedo todos da família Danbira e cultuados em
outra nação.
Omolu / Obaluaye = É como se apresenta o orisa sapata
transmutando-se para formas conhecidas tais como: Agoro, Telu, Azaoni, Jagun,
Possun, Arawe, Ajunsun, Afoman, etc, cada qual com suas particularidades.
Nanan = apresenta-se nas formas conhecidas como:
Iyabahin, Salare, Buruku, Asainan, sem culto no Brasil. É sempre bom lembrar
que muitos nomes são de lugares onde se cultua o orisa. Por exemplo: Ajunsun é
o Rei de Savalu, assim como Dangbe é o Rei do Gege, portanto são nomes que dão
origem as suas formas. :
Iroko = orisa da gameleira (no Brasil), controla a
hemorragia humana.
Iyabas são os
orisá feminino.
Oba = orisa guerreira é única em seu aspecto.
Iyewá = orisa guerreira única em seu aspecto.
Osún Opara = a orisa se apresenta jovem e guerreira.
Osún Iponda = jovem e guerreira, da cidade de Iponda.
Osún Ajagura = jovem e guerreira, nação nagô - Oyo,
Pernambuco.
Osún Aboto = aspecto maduro da orisa.
Osún Ijimun = aspecto idosa e dada as feitiçarias,
ligação com Iami Eleye.
Osún Iberin = aspecto maduro da orisa, nessa forma não
desce nas cabeças.
Osún Ipetu = aspecto maduro da orisa.
Osún Ikole = seu mito a liga a Iemanjá e Ode Erinle,
transformou-se numa ave.
Osún Popolokun = Conta os antigos que não vem mais,
será?.
Osún Osogbo = ela deu oringem ao nome da cidade de
Osogbo.
Osún Ioke = Se apresenta como caçadora.
Osún Kare = Um de seus títulos, Kare tem seu próprio
nome que poucos conhecem.
Iyeyeo Ominibu = epíteto da Osún.
Iyemoja Ogunte = orisa se apresenta jovem e guerreira.
Iyemoja Iyasesu = assume a maternidade de Sàngó é
ranzinza e respeitável.
Iyemoja Saba = uma das formas da mãe.
Iyemoja Maleleo = não se obteve noticias desse aspecto
no Brasil.
Iyemoja konla = seu mito conta que ela afoga os
pescadores.
Iyemoja Ataramaba = Nessa forma ela está no colo de
sua mãe olokun.
Iyemoja Ogunde = aspecto da orisa cultuado no Nagô em
Pernambuco.
Iyemoja Iyá Ori = nessa forma ela assume todas as
cabeças mortais.
Iyamase = forma de quando ela é definitivamente mãe de
Sàngó.
Iyemoja Araseyn = fuxico com Ossayn.
Oyá Leseyen = uma das Igbales que mora no próprio
Lesseyen.
Oyá Egunita = orisa Igbale.
Oyá Foman = orisa Igbale.
Oyá Ate Oju = orisa Igbale aspecto dificil de Oyá
quando caminha com Nana.
Oyá Tope = uma de suas formas.
Oyá Mesan = um de seus epítetos.
Oyá Onira = rainha da cidade de Ira.
Oyá Logunere = uma de suas formas.
Oyá Agangbele = esse caminho mostra a dificuldade
quando a geração de filhos.
Oyá petu = nesse aspecto ela convive com Sàngó.
Oyá Arira = uma de suas formas.
Oyá Ogaraju = uma das mais antigas no Brasil.
Oyá Doluo = eró ossayn; culto Nagô.
Oyá Kodun = eró com Osaguian.
Oyá Bamila = eró Olufon.
Oyá Kedimolu = eró Osumare = Omolu.